DEPOIMENTO SOBRE A VIDA ACADÊMICA PÓS AVC
OUTRO DIA ME PEDIRAM PRA RELATAR SOBRE HA TRAJETÓRIA ESCOLAR ENQUANTO PESSOA COM DEFICIÊNCIA, NO CASO SOBRE A HISTÓRIA APÓS O ACIDENTE, SOBRE COMO SER POSSÍVEL ESTUDAR MESMO COM AS BARREIRAS QUE O MEIO APRESENTA.
EU PODERIA ABORDAR O TEMA DE INÚMEROS ÂNGULOS, MAS A INVISIBILIDADE EH ALGO QUE ME INTRIGA E COM A QUAL ME DEPARO CONSTANTEMENTE, PORTANTO EH MELHOR EU COMEÇAR SITUANDO UM POUCO ESSE PERSONAGEM ANTES DO AVC: EU ESTAVA TERMINANDO MEU MESTRADO DEPOIS DE 5 LONGOS ANOS, EM 2 DE JULHO DE 2002 IA DEFENDÊ-LO NA ECAS/USP, MAS UM DOS EXAMINADORES FALTOU E COMECEI A PASSAR MAL E "TO MAKE A LONG STORY SHORT" EU TIVE UM AVC DE TRONCO E ADQUIRI A SÍNDROME DO ENCARCERAMENTO, OU SEJA FIQUEI TETRAPLÉGICA, MUDA E DISFÁGICA.
EM 2003 MINHA MÃE E MEU PAI INCONFORMADOS MOVERAM DEUS E O MUNDO E CONSEGUIRAM QUE MINHA DEFESA FOSSE FEITA POR ESCRITO.
EU SEMPRE QUIS ESTUDAR PSICOLOGIA E EM 2005 MEU PAI CONVERSOU COM UMA EX-ALUNA DELE E EU COMECEI COMO OUVINTE NO CURSO DE PSICOLOGIA DA PUC, OS DOIS SEMESTRES. NÓS JÁ SABÍAMOS QUE MINHAS COGNIÇÕES E MEMÓRIA ESTAVAM INTACTOS, MAS EU PRECISAVA TER CERTEZA.
EM 2006 CONTINUEI O CURSO DE PSICOLOGIA DA PUC, MAS QUANDO PAPAI MORREU EM AGOSTO FIQUEI MEIO PERDIDA. NO ENTANTO EU HAVIA PROMETIDO A PAPAI QUE NUNCA PARARIA DE ESTUDAR.
EU JÁ SABIA QUE COGNITIVAMENTE NÃO TERIA PROBLEMA, MAS AINDA PRECISAVA TESTAR A PARTE FÍSICA, PRA SER MAIS ESPECÍFICA A BUNDA AFINAL AS DISCIPLINAS DE DOUTORADO NA ECA/USP TINHAM DURAÇÃO DE 4 OU 5 HORAS, PORTANTO EM 2007 FUI FAZER A DISCIPLINA DE TADEU CHIARELLI COMO OUVINTE E CARREGUEI MEU AMIGO MOA SIMPLÍCIO COMIGO (MAL SABIA ELE QUE TERIA QUE ME AJUDAR POR TODO O MEU DOUTORADO E PÓS-DOUTORADO ANTES MESMO DO DELE).
EM MARÇO DE 2008 COMECEI O DOUTORADO NA ECA/USP, FORAM 5 DISCIPLINAS SENDO UMA POR SEMESTRE, OU SEJA, 2 ANOS E MEIO, AI TIVE 1 ANO PARA ESCREVER A TESE E A DEFESA FOI EM 9 DE MAIO DE 2012. NESSE DIA A ROSANGELLA LEOTE ME CONVIDOU PARA FAZER O PÓS-DOC NA UNESP E EU ACEITEI. DE 2014 A 2017 FIZ O PÓS-DOC.
O MAIS ENGRAÇADO É QUE EU ERA INVISÍVEL PARA MEUS COLEGAS NA USP ATÉ EU APRESENTAR MEU SEMINÁRIO, AI ERA COMO SE NUM PASSE DE MÁGICA ELES PASSASSEM A ME VER (ESTUDANTES DA USP SÃO MUITO BEM EDUCADOS PRA TEREM QUALQUER REAÇÃO AO DIFERENTE, AFINAL ISSO NÃO SERIA POLITICAMENTE CORRETO). NA UNESP QUANDO FIZ O PÓS-DOC FOI DIFERENTE APENAS PORQUE TODOS JÁ ME CONHECIAM, SENÃO TERIA SIDO IGUAL. DIGO ISSO PQ QUALQUER CURSO QUE EU FAÇO OU PALESTRA QUE VOU ASSISTIR SOU INVISÍVEL A NÃO SER QUE EU ME COLOQUE E NEM SEMPRE ISSO É POSSÍVEL. ÀS VEZES É MELHOR COMO AS CRIANÇAS FAZEM: FICAM ME ENCARANDO E PERGUNTAM O QUE É QUE EU TENHO!
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