terça-feira, 8 de setembro de 2020

08/09/2020

Clube do Professor da Pinacoteca de São Paulo: em resumo, é um lugar de reflexão, de vivências e pensares sobre a prática, sempre tendo como referências a Arte a Cultura e a Educação. É um espaço privilegiado para que nos  informemos/formemos/reformemos como educadores, através das trocas de experiências justamente pelas diferentes visões e formações de cada um de nós e pelos diferentes públicos que atendemos.

Foi definido que nosso tema para o trabalho deste ano poderia ser:

“Trazer para contextos educativos processos que façam com que educando e educadores interajam com o Território / Território Educativo / Territorialidade."

Diante da complexidade do assunto, e visando a melhor forma de conduzir o assunto, o NAE estruturou a temática em três pontos:

a. “Trazer para contextos educativos processos”: seria o nosso “Como”, ou seja, as estratégias a serem utilizadas para atingir o nosso objetivo.

b. “educandos e educadores”: seria o nosso “Quem”, ou seja, os sujeitos da ação.

c. “interajam com o Território/Território Educativo/Territorialidade”: seria nosso “O que”, em outras palavras, nosso objeto (e objetivo), aquilo que poderíamos discutir nesse ano. (EU FIZ UMA REFLEXÃO: 

TERRITÓRIO

EU SEMPRE GOSTEI DE COMEÇAR QUALQUER LINHA DE PENSAMENTO PELA MINHA COMPREENSÃO DA PALAVRA PARA MIM E A PALAVRA EM QUESTÃO EH TERRITORIO.

NO MUNDO ATUAL, COM TANTOS REFUGIADOS EH INEVITAVEL QUE AO PENSARMOS NA PALAVRA TERRITORIO O QUE ME VEM A MENTE TERRA, AS INUMERAS DISPUTAS QUE FORAM DESENCADEADAS PARA TER SUA POSSE E O BARRO, A ARGILA TÃO PRESENTE NA ARTE E ARTEFATOS MUNDO AFORA EM TODAS AS EPOCAS.

E QUAL SERAH O TERRITORIO DA MINHA SALA DE AULA?? FISICAMENTE ISSO EH FACIL, MAS A SALA DE AULA EH MUITO MAIS DO QUE QUATRO PAREDES. SÃO OS DIREITOS DE TODOS À EDUCAÇÃO E À CULTURA, A ACESSIBILIDADE, A INCLUSÃO E A ARTE. ESTAH TUDO LAH!! 

A DEFINIÇÃO DE TERRITÓRIO SEGUNDO O DICIONÁRIO É A SEGUINTE: 

substantivo masculino

Grande extensão de terra; área extensa de terra; torrão.

Área de um país, de um Estado, de uma cidade, município etc.

Área de um país sujeita a uma autoridade, a uma jurisdição qualquer; essa jurisdição: o território de uma região militar.

Espaço terrestre, marítimo, aéreo, sobre o qual os órgãos políticos de um país exercem seus poderes.

[Jurídico] Divisão territorial peculiar a uma Federação, e que, por não possuir população e recursos naturais suficientes para constituir um Estado, é administrada diretamente pelo poder central: Território de Roraima.

[Ecologia] Área habitada por uma espécie ou grupo de animais que a defende de possíveis invasões de animais ou espécies diferentes.

Etimologia (origem da palavra território). Do latim territorium, ii “área delimitada, terra sob jurisdição”.



Com a pademia, os encontros passaram a ser remotos. No primeiro encontro foi tomado como referência o texto Marcelo Coelho:

De zoom em zoom, viramos zumbis que falam para outros zumbis

Videoconferências em série expõem rotina de trabalho sem sentido

28.jul.2020 às 23h15

Sem problemas de espaço ou de crianças, acabo me dando bem com a quarentena; sempre fui de ficar em casa, ouvindo música e enrolando no computador. Ainda assim, duvido de quem prevê grandes mudanças no regime de trabalho ou no sistema de educação a partir da pandemia. Já faz tempo que se adota o home office em algumas áreas de atividade, como a minha, por exemplo. Mas a Covid foi mostrando, na verdade, desvantagens que não se imaginavam antes. Nas escolas é onde isso se torna mais visível. O aluno de ensino médio ou de faculdade não tem como aproveitar direito as aulas no computador. Há uma psicologia nisso.

Na vida normal, você acorda, toma o café da manhã, demora um tempo até chegar à escola, encontra os colegas, entra na classe, espera o professor tomar controle da situação. Esse tempo “perdido” envolve uma preparação mental. A cabeça se esvazia, graças à rotina, e mesmo as rápidas conversas e brincadeiras entre os colegas de classe têm um prazo. Depois de cinco, dez ou 15 minutos, cada um faz a pergunta tácita: “Muito bem, e agora?”. Durante a aula, acontecimentos imprevistos quebram o ritmo da exposição —e mais ajudam do que atrapalham. Uma porta bate; uma conversinha paralela pode suscitar a bronca do professor; alguém pede para ir ao banheiro. Tudo para, e depois recomeça. Perde-se tempo com tudo isso? Sim, mas tempo perdido é tempo recuperado. A atenção, interrompida por dois minutos, se renova em seguida, como uma planta que precisa de uma poda de quando em quando. Pela internet, os acidentes são menores: um problema de microfone, alguém chegando mais tarde na conferência. A regra, contudo, é tudo processar-se lisamente, na mesma toada, sem tantos solavancos. As próprias interrupções se dão num mesmo espaço, numa mesma faixa de onda cerebral. Para quem está de fone de ouvido e com os olhos grudados na tela, o transe não se quebra. A pessoa olha e escuta, mas a mente fica em dormência.

É confortável; naturalmente, você pode desligar a câmera e continuar ouvindo a falação enquanto foi à cozinha ou ao banheiro. Mas a interrupção voluntária não tem um valor de surpresa capaz de te deixar mais acordado. O cinema, que como a tela do computador é em duas dimensões, corrige essa desvantagem pelos movimentos de câmera, pelos cortes, pela mudança de cenário. Na conferência pelo computador, um zumbi fala para outros zumbis. A aula, a palestra ou o encontro deixam de ser uma ocasião especial, com sua paisagem própria e sua aura no tempo, para se tornarem o preenchimento de um dia, que terá várias outras horas semelhantes. O mais triste não é que estejamos, todos, nesse estado de semiconsciência, de achatamento espacial, de indiferença pastosa diante dos “conteúdos” que se sucedem. Reduzidos a uma quantidade fixa de bits, os próprios “conteúdos” perdem valor, porque neles não se fez nenhum investimento psicológico. Em vez de pegar o ônibus ou o carro, em vez de vestir uma roupa adequada, simplesmente liguei o laptop. A própria atividade, o próprio trabalho, a própria necessidade de uma conferência que passam a ter uma existência suspeita, ou sobrenatural. Não há dia em que eu não receba convites e anúncios para alguma fala de “especialistas” do mercado financeiro; “webinars” se sucedem para discutir “cenários” pós-Covid. Executivos, consultores, analistas, assessores: desconfio que essa gente passe muito tempo se reunindo inutilmente para passar um ao outro seus “briefings” e encomendar seus próximos relatórios. Tantos assessores e reunionistas não podem perder o emprego; têm de mostrar serviço. “Zombie managers”, disse o jornalista Matthew Lynn, há algum tempo. Do banco à farmácia, do plano de saúde ao museu, da corretora de imóveis à academia de ginástica, todos se ocupam com videoconferências. Não há quem não ofereça “dicas” do que fazer durante a quarentena, não há quem não promova pesquisas de satisfação do cliente, não se reúna para sessões de “planejamento estratégico” ou para rediscutir “programas de sustentabilidade”. Talvez isso tenha sido o “normal” antes da pandemia. Com o confinamento, isso se torna mais visível. Todos se protegem da contaminação; ao mesmo tempo, prolonga-se uma existência semicomatosa, que é a de um trabalho vazio, mais adequado a mortos-vivos do que a pessoas reais.

Marcelo Coelho (Membro do Conselho Editorial da Folha, autor dos romances “Jantando com Melvin” e “Noturno”. É mestre em sociologia pela USP.)

Hiperlink: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcelocoelho/2020/07/de-zoom-em-zoom-viramos-zumbis.shtml?utm_source=mail&utm_medium=social&utm_campaign=compmail (Consultado em 04/08/20)


Ao final de cada vídeo, São propostas questões para reflexão e esperam-se as devolutivas e reflexões. 


A partir desse texto as questões foram: 

Como a utilização dos meios digitais vem afetando seu trabalho?

Para você, os conteúdos de uma aula devem continuar os mesmos, independentes da forma utilizada para transmiti-lo ou devem ser adaptados a essa nova forma? Por quê? De que maneira poderiam ser adaptados? 

As minhas respostas:

Resgate. Sem querer, tudo o que eu tenho feito fez sentido: ler meus diários, ver as fotos, o livro dos 20 anos do AEP (Arteducação Produções) são todos um resgate de uma vida anterior a pandemia. Após o AVC eu tive que me reinventar mas era eu que tinha mudado e não o mundo. Agora quem mudou foi o mundo e eu vou ter que me adaptar às novas maneiras de me comunicar com as pessoas nesse novo mundo. Num primeiro momento minha resposta à primeira questão foi: nada mudou e aí deu um clique, lembrei do AEP e das nossas reuniões. Antes do meu AVC em 2002 as reunião eram todas presenciais na minha casa às segundas semanalmente. Depois do AVC quando voltei a trabalhar nossas reuniões eram mais esporádicas, mas sempre presenciais e no começo no escritório e de uns anos pra cá na minha casa. Com a pandemia as reuniões passaram a ser virtuais. Como estamos em meio a produção de um livro sobre os 20 anos do AEP estamos fazendo muitas reuniões mas a presença faz falta, o toque, o cheiro, enfim, creio que é igual a ver uma obra ao vivo e ver sua reprodução na internet. 

Como eu estava dizendo: ver uma obra ao vivo não é igual a ver sua reprodução na internet. A mesma coisa vale para uma aula. No começo da pandemias eu via mamãe super cansada após dar aula, assim como meu marido. Achei aquilo estranho e fui pesquisar e não lembro onde eu ouvi que uma das razões para esse cansaço era que o professor na aula online perdia a linguagem corporal do aluno e imediatamente lembrei da minha filha me contando que sempre deixava a câmera aberta durante as aulas pois morria de pena do professor não estar vendo as caretas deles.  tem um vídeo que eu achei bem bacana sobre isso, da Fernanda Cunha entrevistando José Minerini Neto: 



Nenhum comentário:

Postar um comentário